Autora: Claudia Modell E-mail: claudia@subsolo.org Homepage: http://subsolo.org Título: O Mistério Insolúvel da Besta Chifruda Categoria: MSR/Humor Rating: NC17 Sumário: Scully faz uma proposta irrecusável a Mulder, mas será que ele está pronto para um avanço tão grande? Notas: Eu não mudei de lado não. Continuo sendo half-shipper. Mas me diverti muito fazendo essa fic. Espero que vocês também se divirtam lendo. Feedback: Please, mandem feedback dessa e de outras fics minhas ok? A propósito, mandem feedback de qualquer fanfic de qualquer autor. Esse é nosso único pagamento, ver que alguém leu e gostou, ou não, das nossas fics. É tão solitário do lado de cá do monitor!!:D Disclaimer: Obviamente, os personagens de XF não me pertencem, apesar do Mulder parecer ter sido feito sob medida prá mim. Se o CC não quiser mais ele, algum dia, eu vou pedir pra ele. Juro cuidar com carinho, não algemar, não torturar, não fazer ele chorar:) Enquanto esse dia não chega, eu continuo fazendo o que gosto:) O Mistério Insolúvel da Besta Chifruda Quanto mais ele se aproximava dela, mais sua respiração se tornava incerta. E incertos eram também todos seus movimentos. E se ela mudasse de idéia, ou se tudo o que haviam dito momentos antes tivesse sido mal interpretado por ele? Mulder não tinha coragem, no entanto, de voltar atrás. Era Scully que estava em seus braços, e a idéia havia partido dela. O local não era o mais adequado, mas de uma certa forma era como se eles estivessem em casa. Tantos anos trabalhando naquele escritório no porão do edifício do FBI, esquecidos por todos, ignorados por muitos, haviam transformado o local em algo quase sagrado. E agora nascia mais um motivo para Mulder adorar trabalhar lá embaixo. “Mulder.” O nome saiu quase como um suspiro, invadindo com o ar quente seu ouvido. O calafrio que sentiu o fez tremer. Ele a abraçou com força. Por segundos teve medo que ela dissesse para que ele parasse, que a soltasse. Mas uma parte de sua mente, mais corajosa, identificou o que ela dissera como um incentivo para que ele continuasse o que estava fazendo. Suas mãos seguiram o caminho, tantas vezes sonhado, mas jamais percorrido, de seus seios, de seu estômago. Ele sentia as mãos dela encostando levemente em seu ombro e em seguida descendo, demarcando um terreno imaginário em suas costas. Mulder abaixou o rosto lentamente, tocando e quase não tocando com seus lábios os lábios dela. Disse seu nome de forma suave, tão delicada que a ela pareceu um beijo, mais do que um suspiro. O calor separava os dois, somente o calor de seus corpos. Mulder sentia o suor descendo de sua testa, mas não se incomodou. Levantou a mão e delineou os traços do rosto de Scully, percorrendo sua face como se ele fosse um homem cego que necessitava saber como era sua amada. Mas ele já conhecia todos os seus traços, já conhecia todas suas expressões faciais. O toque servia somente para que ele desse a certeza ao seu cérebro de que era ela mesma, que estava ali, a sua frente. Ele queria beijá-la, e sabia que isso era o que ela também esperava. Ela abriu a boca para lhe dizer algo, talvez para apressá-lo. Ele traduziu o movimento como um convite, e se inclinou para beijá-la, enfim. Mas, antes que chegasse ao destino desejado, eles ouviram um barulho na porta. E, como em um passe de mágica, o instante se desfez. O calor ainda era sentido, mas suas expressões não denunciavam sua origem. A porta se abriu. Era Skinner. “Precisava falar com os dois. Vocês precisam viajar imediatamente, para o Oregon.” “O que tem no Oregon?” Mulder perguntou com um leve tom de irritação na voz, que não passou despercebido a Skinner. “Trabalho, Agente Mulder. Aqui está a pasta. Vocês viajam em uma hora.” Skinner não deu tempo aos agentes de dizer nada. Mulder teve a certeza de que ele notara algo, e pela expressão de sua parceira, percebeu que ela notara a mesma coisa. “Não ligue, Scully. Ele não percebeu.” “Eu duvido.” Durante todo o trajeto para o aeroporto, nenhum dos dois comentou o incidente. Mulder tinha medo de tocar novamente no assunto com ela. Talvez ela tivesse mudado de idéia. Se isso fosse verdade, ele não saberia como agir, e isso o apavorava. Uma vez dentro do avião, Scully recostou-se em sua poltrona, disposta a esperar que as duas horas passassem o mais rápido possível, e eles trabalhassem logo no caso que Skinner lhes passara. Mulder estava ansioso. Não pelo vôo, obviamente. Nem mesmo pelas investigações que os aguardavam. Seu nervosismo era pelo desconhecido que se encontrava a sua frente, ou mais precisamente, ao seu lado, dormindo placidamente. O que ela diria quando chegassem no hotel onde ficariam? Estaria ela disposta a retomar do ponto onde haviam parado? Ele sempre poderia usar os argumentos que ela própria utilizara para convencê-lo a começar aquilo tudo. Se somente ele pudesse se lembrar com clareza que argumentos foram aqueles. Sim, porque desde o momento em que ela propusera fazer sexo com ele, Mulder desligou toda sua mente, com o único intuito de imaginar o futuro. E agora, talvez, todo o futuro estivesse ameaçado. Xxxxxxxxxxxxx “Mulder. Eu vou ao banheiro.” Aquilo era estranho, ele pensou. Desde quando ela avisava a ele que precisava ir ao banheiro? Ainda mais em um avião. Ele acenou com a cabeça mas nada disse. Scully, no entanto, não se moveu e continuou a encará-lo. O que ele precisava? Um convite escrito? Às vezes Scully achava que o QI de seu parceiro não era tão alto como diziam. Ele levara bem uns quinze minutos para entender o que ela estava dizendo quando estavam no porão aquela manhã, e agora parecia repetir a dose, não entendendo o que ela estava querendo dizer. “Mulder, você não vem?” “No banheiro? Com você?” “Não, Mulder. Pular do avião, com a aeromoça! É lógico que é ir ao banheiro, comigo.” Ele ainda não entendia. Scully via pela espressão que ele tinha, quase como se alguém estivesse perguntando as horas em japonês a ele. Se fosse isso, o japonês curioso somente precisaria apontar para o relógio, mas o bom senso impedia Scully de fazer gestos para fazer Mulder entender. Enfim, a luz surgiu em seu rosto, ele finalmente havia entendido, mas Scully notou a mudança súbita de expressão facial de seu parceiro, que deixou de olhar maravilhado para ela, para mostrar um olhar de pânico absoluto. Ok, ela pensou, é melhor deixá-lo em paz, por enquanto. “Esquece, Mulder. Eu vou sozinha. Acho que não vou me perder no meio do caminho mesmo. E nem no fim, se é por isso.” Ele não ouviu o último comentário. Ainda estava chocado com o que ocorrera. O convite dela consistia em uma das maiores e mais divulgadas fantasias sexuais masculinas, e ele, estupidamente, descartara a possibilidade, agindo como um menino inocente. Scully devia achá-lo um idiota, ele pensou. E ela realmente estava considerando, seriamente, que seu parceiro era desprovido de massa encefálica. Mas ela não desistira de seu intento. Afinal, ela não precisava que ele fosse inteligente, somente ágil. E, com certeza, ela poderia esperar isso dele, mesmo tendo ele demonstrado tão pouca ação nas últimas horas. Scully deixou o pequeno banheiro e se sentou ao lado de seu inerte, e apavorado parceiro. “Scully, eu sinto muito. Eu...” “Sei, Mulder. Você não tinha entendido. Deixa pra lá.” Ele queria dizer a ela que, quando chegassem ao hotel, tudo se resolveria, mas não teve coragem. Scully parecia bastante zangada. Era melhor mostrar com ações que ele sentia muito o que ocorrera, ou o que não ocorrera. Xxxxxxxxxxxxxxxxx Assim que Mulder e Scully chegaram ao pequeno hotel onde ficariam hospedados, Mulder foi tomado por um pânico indescritível. O balconista lhes entregou as chaves dos quartos, e Mulder carregou sua pequena mala e a de sua parceira. Ele achou que ela tomaria alguma atitude, entrando em seu quarto, ou lhe chamando para entrar no dela, mas ela simplesmente abriu a porta de seu próprio quarto, e a fechou em seguida. Mulder continuou ali, parado e estarrecido. Porque ela o ignorara daquela forma? Ele já não tinha certeza de nada. Resolveu não tomar qualquer atitude. Ela, com certeza, queria ter seu próprio espaço, ou, mais provavelmente, estava zangada com ele pelo incidente no avião. Ele depositou sua mala no chão, e ligou para o xerife, anunciando que haviam chegado. Este avisou que somente se encontrariam no dia seguinte. Isso significava que Mulder e Scully ficariam naquele hotel, sem nada para fazer, até o dia seguinte. Bem, eles tinham o que fazer, mas ele não achava que ela pensaria da mesma forma. Com uma batida na porta, Mulder anunciou que estava entrando no quarto de sua parceira. Não tinha intenção de piorar ainda mais as coisas surpreendendo Scully em trajes menores. Quando Scully saiu do banheiro, Mulder não sabia se se zangava consigo mesmo ou agradecia o destino. Ela estava totalmente nua, ainda molhada do recente banho que tomara. “Mulder. Vai ficar ai parado?” Ele não conseguia desgrudar os olhos dela. Scully cobriu-se imediatamente, mas a imagem de sua nudez ficou gravada no cérebro dele, e sobrepunha-se à imagem real a sua frente. E ele continuava imóvel. Finalmente, um pensamento racional surgiu em sua mente atordoada, e ele conseguiu, inclusive, verbalizar o que pensava. “Eu...Você...O Xerife, ele ligou. Então acho que nós, você sabe. Nós...” “O que o Xerife disse, Mulder?” “Quem?” “O Xerife. Você disse que ele ligou.” “Disse?” “Mulder, é melhor você ir pro seu quarto. Eu preciso me vestir.” “Mas e aquela nossa decisão?” “Não agora, Mulder. Mais tarde, ok?” Ele apenas balançou a cabeça, incerto se o que ela dissera era verdade. Já desconfiava que ela mudara totalmente de idéia, percebendo o quão idiota era seu parceiro. Mulder deixou o quarto e resolveu, ele próprio, tomar um banho, de preferência bem frio. Terminada sua ducha, Mulder ligou a televisão, procurando por algum programa que distraísse sua mente da tentação inatingível que estava no quarto ao lado. Mas a tentação decidiu, ela própria, tirar o início de paz que Mulder estava sentindo. “Mulder, pode abrir a porta, por favor?” Ele ainda ficou na dúvida. Não queria se expor ainda mais, entretanto a voz de sua parceira soava tão convidativa que ele não teve outra saída, a não ser obedecê-la. Sentia-se, no entanto, como alguém que, inadvertidamente, convida o vampiro para entrar na própria casa. A comparação se tornou ainda mais correta quando Scully, finalmente, entrou no quarto. Vestia uma simples camiseta e jeans, mas parecia, para ele, estar endossando um vestido negro de seda, decotado. A imagem se dissolveu rapidamente, afinal ela jamais usaria um vestido assim, ele pensou. “Scully. Sinto muito pelo que aconteceu no avião.” “Não aconteceu NADA no avião, Mulder.” “Eu sei. Sinto muito. Você não mudou de idéia, não é?” “Não. Mas acho que você é que não parece muito interessado.” Antes que ela pudesse dizer alguma coisa, ele avançou em sua direção. Ela mal teve tempo de perceber o que estava acontecendo, e já sentia os braços fortes de Mulder, que a seguravam com força, e seus lábios que lhe cobriam o corpo de beijos. De alguma forma, havia algo de extremamente errado. Mulder sentia Scully debatendo-se em seus braços. Estaria ela rejeitando seus beijos? Rejeitar os beijos dele, era a única coisa que Scully não pensava naquele momento. O fato era que, ao abraçá-la com tanto vigor, Mulder a fez perder o equilíbrio e, naquele momento, ela percebia que um único passo dele a frente, a faria cair. Por instantes, ela temeu que ele a soltasse totalmente, e se debateu, tentando avisá-lo. Mulder, no entanto, convenceu-se de que ela não o queria, e a soltou. Em segundos, os beijos deixaram de existir, e o chão duro encontrou as costas dela, e sua cabeça bateu com força no criado-mudo. Scully desmaiou com o impacto e Mulder ficou ali, imóvel, desesperado pelo que ocorrera. Sua mente, no entanto, voltou a funcionar, e ele chamou uma ambulância, imediatamente. Xxxxxxxxxxxxxxxxx Scully acordou lentamente, no leito do hospital. Mulder segurava sua mão, fielmente. Ela sentia-se segura, estando ao lado dele. “Mulder, que bom que você está aqui.” “Eu sinto muito pelo que aconteceu. Eu devia ter segurado você.” Ela sorriu, mostrando a ele que estava tudo bem. Não queria que ele se sentisse culpado. Tantas vezes e por tantas razões, ele se sentia culpado. Às vezes, Scully achava que ele procurava algo para culpar-se, quando não tinha nada para assistir na televisão. Era como uma distração para Mulder. “Está tudo bem. Eu acho que a gente pode adiar nossa reunião prá outro dia, não é?” Mulder engoliu em seco. Scully não havia desistido. Ele estava contente por isso, mas, no fundo, sentia um frio no estômago, somente em imaginar o que aconteceria. “Tem certeza que isso é o certo a fazer, Scully?” “Claro, nós temos que resolver esse caso, e minha cabeça está doendo, de verdade.” “Não, eu quis perguntar se....” Uma voz masculina interrompeu as palavras de Mulder. Era o médico de plantão que viera verificar sua paciente. “Bom noite, Agente Scully. Vejo que já se sente melhor.” “Estou bem, obrigada. Quando posso sair daqui?” “Agora mesmo. Fizemos todos os exames e a pancada não foi tão forte. Tome cuidado da próxima vez, ok?” O médico os deixou logo em seguida, e Mulder ajudou Scully a descer da cama, acompanhando-a ao banheiro. Quando ela saiu, finalmente vestida, Mulder tentou, novamente, falar o que vinha tentando dizer antes do médico interrompê-lo. “Scully, eu quis saber antes se você tem certeza do que quer que nós façamos.” “Como é? Mulder, fale a minha língua, que tal?” “Você ainda quer fazer sexo? É isso!” “Claro. Não foi isso que nós decidimos? Mulder, porque você está criando tantos problemas?” “Porque eu não quero que a gente se arrependa depois.” “Tem razão. Você já está arrependido antes, imagina depois.” Com a resposta seca, Scully saiu do quarto do hospital, deixando Mulder para trás. Ele não conseguia se mover. Como pudera ser tão estúpido? Bem, ultimamente ele vinha demonstrando que sempre poderia se superar em sua estupidez. Resolveu poupar o resto de esperança que ainda tinha para depois do jantar. Quem sabe ela estaria menos zangada e ele mais calmo, o suficiente para fazer o que tinha que ser feito. Xxxxxxxxxxxxxxxx As investigações prosseguiram e os dois fecharam o caso em poucos dias. Mulder e Scully não se aproximaram mais do que o necessário. Quando, enfim, entraram no avião para retornar a Washington, Mulder sentiu um aperto no peito. Se não soubesse que seu coração estava em perfeita saúde, ele juraria que estava sofrendo um ataque cardíaco. A situação era tão idêntica que Mulder teve a impressão de que tudo estava se repetindo. Scully parece ter tido a mesma sensação já que, assim que se sentaram, ela o cutucou, avisando com um simples olhar que, dali ha algum tempo, ela precisaria usar o banheiro. Mulder entendeu a mensagem implícita em seu olhar, acenou com um olhar, que pretendeu ser travesso, que havia entendido e concordava. Mas ele estava longe de concordar. Não conseguia imaginar-se naquela situação. O que conseguia imaginar, isso sim, era alguém batendo na porta do banheiro quando os dois estivessem em um momento mais embaraçoso. Claro que eles ignorariam as batidas, mas imaginava a aeromoça indo verificar a demora, chamando ajuda, abrindo a porta do banheiro com alguma chave extra, e os dois sendo, finalmente pegos, sem que nada pudesse ser feito a respeito. O simples pensamento tirava todo o desejo que Mulder podia estar sentindo por sua parceira. Mas ele não poderia, jamais, externar seus medos, já que ela, com certeza, desistiria de seu intento, para sempre. Assim, após a decolagem, e após terem sido servidos todos os lanches possíveis, os quais Mulder aceitou com sofreguidão, chegou, finalmente, o momento fatal, o momento em que Mulder, Agente Federal, 1:80 de altura, iria fazer sexo em um banheiro minúsculo, com sua parceira. Era melhor não pensar muito. O importante era acabar logo com aquilo. Talvez ela percebesse o que estava para fazer e desistisse de tudo, pelo momento, claro. Mas ela não percebeu isso. Levantou-se e olhou para ele, avisando, com um simples olhar que seu momento era chegado. Levantou-se e foi para o banheiro. Ela estava esperando por ele, obviamente, e sem muitas delongas, ela o puxou para dentro do banheiro, e começou a retirar-lhe o cinto e em seguida a desabotoar sua calça. Mulder não tinha muito o que fazer, e nem espaço tampouco. Ele queria poder fazer algo, poder tocar nos cabelos dela, sentir seu perfume, desabotoar sua blusa, e enfim tirar o sutiã que servia como um escudo para o objeto de seus desejos. Mas ele não conseguia se mover, Scully agia rapidamente, e em segundos Mulder sentiu o vento frio do ar condicionado atingido suas pernas. Por alguma razão, que a ele jamais foi revelada, ele não estava sentindo nada. Absolutamente nada. Scully notou imediatamente a situação. “Mulder, posso saber qual é exatamente o seu problema?” “Esse lugar, eu não gosto disso. Dá prá gente adiar esse negócio?” “Esse negócio?” “Você entendeu o que eu quis dizer, Scully! É que um banheiro de avião não é o lugar que eu imaginava prá fazer sexo com você, ou qualquer outra pessoa.” “Você nunca imaginou? Em que planeta você vive, Mulder?” Ela estava rindo dele, e isso o estava irritando. Ele era uma pessoa normal e não um pervertido que gosta de fazer sexo em lugares públicos. Porque ela não via isso? “Scully, eu não quero, ok?” “Ok, eu não posso mesmo forçar você a tomar uma atitude. Mas vou logo avisando. Essa foi sua última chance.” Ela começou a abotoar sua blusa novamente e não percebeu o rosto de seu parceiro. O choque, a raiva, e mais uma infinidade de sentimentos se sobrepunham em sua face. Enfim, o medo de perder a oportunidade de ter Scully para si, fez com que ele tomasse uma atitude. Xxxxxxxxxxxxxxxx Ela ainda se olhava no pequeno espelho do banheiro, quando Mulder a segurou por trás, encontrando só Deus sabe onde, espaço para se movimentar. Com uma das mãos ele segurou os cabelos ruivos, com a outra pressionou seus seios com força, como se estivesse tomando posse de uma terra sem dono mas disputada. Ele não a deixaria escapar, e, pensando isso, começou a beijar-lhe o pescoço, enquanto sua mão abandonava os seios e descia para um território mais bravio. Scully, finalmente, percebia que tinha valido a pena ameaçar seu parceiro. Podia sentir todo o vigor do corpo dele contra o seu. Ela queria retribuir, de alguma forma, os gestos que lhe davam tanto prazer. Ela tentou se virar, mas a força com que ele a mantinha presa contra a pia, lhe impossibilitavam qualquer movimento. Mulder não estava disposto a deixá-la escapar, e sua presa parecia estar contente em ser capturada. Então, de repente, a pressão que Mulder fazia sobre ela se tornou desagradável. O peso do corpo dele contra o seu a estava machucando, e ele não se movia. Ela ainda ouvia a respiração ofegante dele, mas viu que suas mão não mais a tocavam. “Mulder, o que houve?” “Tem alguma coisa errada.” “O que?” “Acho que eu vou vomitar, Scully!” “Não! Não tem espaço aqui. Você não pode fazer isso, está me ouvindo? Mulder!” Antes que ela gritasse seu nome ele havia se jogado contra a pia, devolvendo os lanches que haviam sido utilizados para acalmá-lo, momentos antes. “Mulder, isso foi nojento.” “Eu sei, desculpe. Você não se sujou, não é?” Ela não respondeu. Deixou o banheiro e seu relutante amante para trás e sentou-se em sua poltrona. Estava irada. Tudo aquilo parecera um episódio de um desenho animado, onde o pobre garotinho sempre vomitava sobre sua namorada. Scully queria somente transar com ele, será que era pedir muito? Mas tudo em Mulder era mais complicado, tudo tinha que ser do modo mais difícil. Sete anos juntos e ele vomitou em cima dela somente porque eles iriam fazer sexo. Sexo! Não é que ela tivesse mostrado a ele um cadáver com as entranhas do lado de fora. E ela não era tão horrível assim, além de tudo. Ela até sabia que ele nutria sentimentos por ela. Então porque diabos Mulder não podia fazer o que ele próprio queria fazer? Ela ainda se perguntava isso, quando Mulder se aproximou, com a intenção de sentar em sua poltrona. “Scully, eu sinto muito. Podemos tentar quando chegarmos em casa, não é?” “Eu não acho que você queira isso, na verdade.” “Eu quero! Juro.” “Ok, não precisa fazer escândalo. Quando a gente chegar, a gente resolve tudo.” Mais uma vez, Mulder se sentiu protegido pelas horas que passariam. Ele sabia que, eventualmente, teria que enfrentá-la novamente. Mas esperava que, em condições mais apropriadas, eles pudessem resolver esse problema. Sim, porque para ele já se tornara um problema. O que havia de tão difícil assim em fazer sexo com a mulher que ele amava? Será que ele havia construído uma imagem dela, tão perfeita e inatingível, que, agora, quando finalmente ela estava ao seu alcance ele não se sentia a altura para, sequer, tocá-la? Era melhor não se auto-analisar daquela forma. Decidiu que o melhor a fazer era deixar que os instintos tomassem conta de tudo. De fato, pensar não era, de forma alguma, a melhor solução. Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Scully estava cansada, e ignorou totalmente seu parceiro quando os dois entraram no apartamento dela. Ela ainda não entendia porque ele insistira em ir com ela, ao invés de ir para casa, tomar um banho. E banho era o que ela mais desejava, no momento. “Mulder, eu preciso tomar um banho, bem demorado. Você pretende esperar por mim?” “Claro, posso?” “Sim. Mas eu vou demorar, já vou avisando.” Mulder não pretendia sair dali, não sem antes tentar reverter a situação que ele próprio havia criado. Ou seja, ele estava disposto a ter uma noite de sexo com ela, nem que, para isso, a noite tivesse que durar alguns dias. Meia hora depois, Mulder se convenceu de Scully não estava brincando quando disse que demoraria. Uma hora depois, Mulder começava a ficar paranóico a respeito, achando que ela talvez tivesse desmaiado, ainda devido à ferimento na cabeça, e poderia estar já afogada na banheira. Ainda assim, ele controlou seu impulso de salvá-la. Mais quinze minutos, no entanto, foram suficientes para transportá- lo para a terra do pânico absoluto. Sem pensar duas vezes, Mulder irrompeu no quarto de sua parceira e não se deteve ao ver a porta do banheiro encostada. Para sua surpresa, Scully estava saindo da banheira naquele momento. Mas a surpresa não foi só dele. Scully, ainda com um pé dentro da banheira, se assustou pela forma abrupta com que Mulder entrou e, instintivamente, deu um passo para trás. Somente que não havia espaço para isso e ela tropeçou na borda da banheira, caindo, pela segunda vez na semana, para trás e batendo, mais uma vez, sua cabeça. E Mulder, mais uma vez, iria preparar-se para dizer que sentia muito. Dessa vez, no entanto, Scully não desmaiou e prontamente se levantou. “Chega, Mulder! Vá prá casa, ok?” “Escute, Scully, eu sinto muito, eu pensei...” “Você pensou demais! Você pensa demais!” “Mas..” “Chega de mas. Vá embora, amanhã a gente se fala.” Mulder percebeu que o melhor a fazer era mesmo ir embora. Talvez no dia seguinte, com os ânimos mais calmos, eles pudessem conversar e até planejar melhor suas ações. Xxxxxxxxxxxxxxxx O dia seguinte chegou e trouxe logo cedo Mulder para o escritório no porão. Ela ainda não havia chegado, e, de alguma forma, ele se sentiu aliviado por isso. Pegou um café e sentou-se à frente de seu computador. Estava, desse jeito, imerso em seus pensamentos enquanto jogava uma partida de paciência, quando ela entrou. Ele a examinou, quase como um médico examina de longe seu paciente, verificando qual era seu humor. Tentando descobrir nas linhas de seu rosto, se ela iria se comportar como Dana Scully ou como a mulher apressada que conhecera recentemente. Ele já não via Scully e essa mulher como a mesma pessoa, de fato. Começava, inclusive, a pensar que ela estava sendo vítima de alguma possessão demoníaca. E ele não podia tirar vantagem dessa situação, claro. “Mulder, espero que você esteja melhor hoje. Eu não pretendo ter mais nenhum acidente. Te encontro hoje a noite no seu apartamento. E eu quero que você fique imóvel. Acho que mais uma pancada na cabeça e eu não me recupero.” Apesar das palavras parecerem ser cheias de humor, Mulder não conseguia notar qualquer alegria em seu tom de voz. Ela estava, mesmo, dando um ultimatum a ele. E era bom que ele a obedecesse. Ele se sentia impossibilitado de dar qualquer resposta, então somente a olhou concordando. Ela devolveu o olhar com um sorriso cândido, quase demoníaco, na verdade. Ele não tinha certeza se o que ele via a sua frente era uma manifestação dos céus ou uma vingança do inferno. A última opção lhe parecia mais provável. O dia transcorreu rapidamente. Rápido até demais, segundo ele. Lento em demasia, segundo ela. Mas, enfim, a noite chegou para ambos ao mesmo tempo, e cada um seguiu um curso diferente. Ela queria se preparar para se encontrar com ele. Mulder queria um lugar para se esconder, mas sabia que não podia fazer isso, então foi para casa. Lá estava ele, sentado em seu sofá, zapeando freneticamente, em busca de algo que o distraísse, mas já sabendo que isso seria impossível. Ainda se perguntava porque ela queria tanto aquilo. Será que ela o amava? Com certeza era isso. Ela poderia sair com qualquer outro, caso fosse somente uma necessidade fisiológica. Mas ela não era de sair com homens dessa forma. Além disso, mulheres não tem tanta necessidade de sexo. Então ela o amava. Ou não. Talvez ele estivesse errado, e mulheres precisassem tanto de sexo quanto os homens. E talvez ela tivesse escolhido Mulder porque com ele era mais seguro. Ela confiava nele. E sabia que ele não pensaria que ela estava apaixonada por ele ou algo assim. Então ela não o amava. Ou talvez sim. Ele estava agindo como um adolescente impressionado com a garota mais bonita da escola. Não devia imaginar que ela estava apaixonada por ele somente porque queria sexo. Eles eram adultos e essa situação era perfeitamente normal. Dois adultos desejando liberar a tensão sexual. Exatamente como ela havia dito quando propôs aquilo a ele. Uma batida na porta interrompeu seus pensamentos e o lançou, outra vez, no estado de pânico do qual já começava a se habituar. Ele se levantou, lentamente, como um prisioneiro que segue no corredor da morte, e abriu a porta. Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Ele esperava vê-la, com alguma expressão entre irônica e zangada, diante de si. Mas o que ele viu foi Skinner. “Desculpe aparecer tão tarde, Agente Mulder.” “Nenhum problema, senhor.” Devia dizer a ele que Scully estava indo lá? Que chegaria em instantes, com um suave perfume no corpo, vestida para matar? Não, talvez fosse melhor não dizer nada. Afinal, era normal que Scully fosse ao apartamento dele e a idéia de que ela estaria visivelmente vestida para um encontro romântico era apenas mais uma ilusão que somente Mulder poderia ter. Ela apareceria, sim, mas de forma casual, como sempre. Afinal, ela não estava vestida de forma diferente quando o puxou para dentro do banheiro do avião. Aquilo havia sido injusto da parte dela. Não o fato de não estar vestida elegantemente, claro, mas o modo brusco como exigia dele alguma ação. Ele se sentia como um touro obrigado a copular, caso contrário iria para o matadouro. Skinner notou o estado de nervosismo dele. “Esperando alguém? Se for isso, eu vou embora.” “Não. Mas qual é o problema?” “Eu estou deixando a cidade amanhã. Me comunicaram hoje, cedo. A transferência é definitiva. Achei que você e a Agente Scully deveriam saber.” “Eu sinto muito.” “É, eu também. Gosto de trabalhar aqui, com vocês.” Mulder realmente iria sentir falta de Skinner. Haviam sido tempos difíceis quando Kersh assumira seu lugar, e Mulder não queria repetir a dose. Queria saber quem seria seu novo chefe, mas não se sentia confortável em fazer essa pergunta. “Eu, talvez, não encontre a Agente Scully, então poderia dizer-lhe o quanto eu apreciei trabalhar com ela?” “Claro, eu digo.” Quase como se tivesse recebido uma deixa, Scully entrou no apartamento. Ao contrário do que Mulder pensara a princípio, ela estava vestida informalmente, com roupas absolutamente inocentes. “Skinner, olá.” Ela falara com uma naturalidade que deixou Mulder boquiaberto. Como ela podia ser tão natural quando havia ido ali com o único e exclusivo intuito de transar com ele??? Aparentemente, ele estava levando a coisa toda seriamente demais. “Scully, eu estava falando com Mulder, a respeito de algumas mudanças.” Skinner relatou os fatos e Scully deixou bem claro que não gostava do que estava ocorrendo. Os dois conversaram ainda por algum tempo, e, em seguida, Skinner os deixou a sós. Quando, enfim, a porta se fechou, Scully a trancou. “Que chato, não é Scully?” “Vamos, Mulder.” “O que?” “Eu disse, vamos.” “Não acha que a gente podia conversar um pouco antes?” “Mulder, porque você está agindo assim? Porque tudo tem que ser tão difícil?” “Ok, vamos.” Mulder desistira de pensar, conforme ela dissera que ele deveria fazer. Pensar não era bom, causava muita dor de cabeça, principalmente nela. “No quarto, Mulder. Na cama, onde eu não possa cair e bater a cabeça.” Ela estava falando sério. Não havia humor em suas palavras. Eles seguiram para o quarto, mas Mulder não conseguia se concentrar. Havia algo errado, muito errado. Skinner acabara de dizer que iria deixar de ser chefe deles e o máximo que Scully pensava era em transar imediatamente. Ele mal a reconhecia. Tudo parecia tão irreal. Porque Skinner iria na casa dele dizer aquilo? Pensando bem, porque Skinner fôra até o porão para dar aos dois o caso do Oregon? E agora, pensando bem, o que foi o caso do Oregon? Ele não conseguia lembrar. Se lembrava de alguns poucos fatos. Ele beijando Scully, obedecendo a uma decisão tomada por ela, momentos antes. Ele queria lembrar o que ela dissera, mas não conseguia. Depois lembrava-se do hotel, quando ela bateu a cabeça. O Xerife havia ligado, mas ele não se lembrava de ter encontrado o Xerife depois. Em seguida a viagem de volta, e nenhuma lembrança do caso que investigaram. Dentro do avião novamente, e uma outra vez eles estavam nas mesmas poltronas. Ele se lembrava de ter tido a sensação de deja-vu. Depois a chegada ao apartamento dela. Uma hora e quarenta e cinco minutos de banho na banheira. Era demais, até mesmo para Scully. E agora isso. Skinner aparecendo para dizer que iria embora. Toda a situação beirava o absurdo, e Mulder já não tinha certeza se estava em seu juízo perfeito. “Scully, tem algo errado, não percebe?” “O que, Mulder? É meu cabelo?” Mais uma coisa estranha a ser acrescentada à lista. Enquanto ela o beijava, com fúria, ele se perguntava o que estava acontecendo, se aquilo era real. Ele sentia os braços dela em volta de seu pescoço. Sentiu quando ela o puxou para si, e quando seus lábios tocaram os dele. Decidiu deixar de lado todas as perguntas que estava se fazendo, e embarcou na maré de sensações que os toques dela lhe traziam. Em breve, ele retribuía os beijos apaixonados, e em segundos os dois estavam na cama, já retirando as roupas, beijando-se freneticamente, como se aqueles fossem seus últimos momentos de vida. E, finalmente, os dois estavam nus, e sequer pararam para se olhar, somente se deixaram levar pelo ritmo mais antigo da terra, deslizando seus corpos um contra o outro. Mulder estava em silêncio, mas Scully dizia algo, em uma voz distante, quase como se ela não estivesse ali. “Mulder, você está me ouvindo?” Ele abriu os olhos lentamente, com relutância. “Mulder, você não ouviu uma palavra do que eu disse, ouviu?” Ela estava lá, mas já não era mais ela. Dana Scully estava a sua frente, no escritório do porão, vestida como sempre, e com um olhar inquisidor direcionado para ele. “Não, desculpe, Scully. O que você disse?” “Realmente Mulder, quando eu tenho algo realmente importante prá dizer você dorme na minha frente.” “Desculpa!! Eu não sei o que houve. Me fala o que você disse, por favor.” “Não, Mulder. Não era nada. Somente queria saber se você quer almoçar comigo. Mas eu mudei de idéia. Vou comer um sanduíche rápido.” Ela não disse mais nada e saiu, batendo a porta atrás de si. Mulder estava zangado consigo mesmo. Tinha dormido na frente de sua parceira, até aí tudo bem, mas tinha que sonhar algo tão absurdo quanto Scully propondo sexo sem compromisso com ele? Ainda bem que ele não havia dito nenhuma besteira. Scully seguiu com passos fortes pelo corredor. Estava muito zangada e ao mesmo tempo aliviada. Tinha dito tanta coisa a Mulder. Tanta coisa que jamais seria capaz de repetir. Céus, como ele reagiria se ouvisse que ela estava lhe propondo sexo sem compromisso? Ainda bem que ele não havia ouvido aquela besteira. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Fim