Título: Desencontros Autora: Claudia Modell E-mail: claudia@subsolo.org Homepage: http://subsolo.org Categoria: Drama Sinopse: Mulder e Scully nunca se encontram mas ao mesmo tempo eles trabalham juntos. Desencontros Dana Scully estava ansiosa para começar seu trabalho em Washington. Ainda não sabia exatamente em que seção iria trabalhar, mas tinha certeza que iria ser mais interessante que o trabalho que vinha desenvolvendo nos últimos dois anos. Ela gostava de ensinar, mas ao mesmo tempo queria fazer algo diferente. Quando entrou na sala do Chefe de Seção Blevins, ela não tinha idéia sobre o que se esperava dela. Scully ouviu atentamente seu superior, e respondeu a todas as perguntas que lhe eram feitas. Ela lhe disse sobre o trabalho que vinha desenvolvendo e o porque de sua escolha pelo FBI. Blevins lhe perguntou se ela já tinha ouvido falar de Fox Mulder. Obviamente ela já tinha ouvido falar dele. Ele era bastante conhecido no Bureau por suas teorias absurdas e suas crenças em extraterrestres. Scully estava imaginando se não estariam pensando em colocá-la para trabalhar junto com Fox Mulder. Se assim fosse era melhor que eles soubessem que o serviço não era adequado a ela, já que, como cientista, ela tinha idéias totalmente opostas as dele. Antes mesmo dela poder dizer o que pensava, Blevins lhe anunciou exatamente o que ela temia. Ela iria se tornar a parceira de Mulder. Mas o que o FBI queria era justamente que ela, como cientista, os mantivesse informados sobre o trabalho dele. Ela se irritou com isso, afinal ser convocada para por em dúvida a validade do trabalho de um colega não era o que ela desejava. Mas ela sabia que isso iria depender somente dela, e enfim, aceitou o encargo. Após esse encontro ela seguiu para o porão, onde trabalhava seu novo parceiro. Durante o trajeto ela se questionava sobre a necessidade de seus serviços para o FBI. Aparentemente, Fox Mulder não era bem visto por seus superiores, e se eles a colocaram para trabalhar com ele, talvez ela viesse a ser vista da mesma forma. Mas ela resolveu ao menos tentar. Afinal ela havia lutado muito para chegar onde havia chegado. Tinha ido contra seu pai, sua família, sua carreira. Tinha deixado a medicina para se dedicar ao FBI, o que, do ponto de vista profissional, parecia ter sido o maior erro de sua vida, ao menos assim pensavam amigos e parentes. Quando Dana Scully chegou ao escritório de Mulder ela hesitou, respirou fundo e bateu na porta. Mas não houve resposta. Ela insistiu, e, ainda sem resposta, resolveu entrar. Não havia de fato ninguém. Era estranho, já que lhe haviam dito que ele estaria esperando por ela. Scully se sentou e aguardou pacientemente pela chegada de seu parceiro. Ela se sentia como se estivesse invadindo o escritório dele, mas ao mesmo tempo ela tinha consciência de que era seu escritório também. Claro que ele não sabia disso, e caso entrasse de repente, e a visse sentada ali sem ter sido convidada, ele com certeza não teria uma boa primeira impressão dela. Meia hora depois, no entanto, Scully já não estava tão preocupada sobre os efeitos de sua invasão. Ela estava cada vez mais impaciente e curiosa sobre o paradeiro dele. Scully já havia examinado o escritório, sem tocar em nada, em busca de qualquer indicio sobre onde ele estaria. Algum bilhete deixado por ele avisando um eventual visitante, talvez. Mas o que ela achou foi somente a mesa mais bagunçada que já havia visto. Entretanto, o mural atras da mesa dizia bastante sobre ele. Um pôster com a imagem de um suposto disco voador e a frase "Eu quero acreditar" demonstrava a crença dele em vida extraterrestre. As fotos e desenhos de monstros e vampiros diziam bastante sobre um agente que não tinha receio de mostrar no que acreditava. A confusão da mesa dele, no entanto, apenas demonstrava que ele estava confortável trabalhando sozinho. Definitivamente ele não estaria recebendo de braços abertos. Uma hora já havia se passado e Scully já estava se sentindo idiota. Decidiu que deixaria um bilhete dizendo que retornaria no dia seguinte. Foi neste instante que ela notou o envelope em cima da mesa. Era um envelope pardo, bastante comum, sem selos e sem qualquer endereçamento. Em outra ocasião não passaria por sua cabeça abrir um envelope que não lhe era endereçado, mas em face das circunstancias ela se sentia mais do que autorizada a verificar o conteúdo do envelope. Ela quase se sentiu decepcionada com o que encontrou. Era uma foto, de uma mulher jovem, morta. O laudo da autopsia estava junto com a foto. Scully ficou surpresa com o resultado do laudo. A causa da morte restou indeterminada. Havia, entretanto, um relatório no qual era dito que duas marcas, de origem desconhecida, foram encontradas nas costas da vitima. Scully imaginou que podiam ser marcas de picadas de insetos, mas não poderia dizer sem um exame mais profundo. Então ela viu o que era relatado como sendo a substancia encontrada nas marcas. Era um composto químico, que ela jamais havia visto. Talvez se tratasse de um composto sintético. E enfim, havia uma nota do Xerife de Bellefleur, Oregon, no qual pedia para que Mulder o encontrasse no cemitério para a exumação do cadáver de Ray Soames. Scully não sabia se Mulder havia examinado o interior do envelope, mas seu palpite era que ele tinha viajado para o Oregon para investigar o caso, deixando para trás tanto o envelope quanto sua parceira. Bem, ele não iria ignora-la dessa forma. Scully decidiu viajar para o local do crime e se juntar ao seu reticente parceiro. Xxxxxx Fox Mulder não estava nada ansioso para conhecer sua nova parceira. Na verdade ele não queria parceiro algum. Ainda mais quando tinha certeza de que um parceiro seria somente um espião, mandado somente para desacreditar o trabalho dele. Ele havia sido chamado alguns dias antes e lhe tinham anunciado que ele teria uma parceira. Investigando Dana Scully, Mulder descobriu que ela representava exatamente o oposto de seus pensamentos. De fato, a formação acadêmica dela demonstrava que Scully era cética e que, com certeza, não estaria aberta aos pensamentos e teorias dele. Mulder, no entanto, não podia se colocar contra a escolha feita por seus superiores. O máximo que poderia fazer era tentar se esquivar da espionagem que, certamente, ela estava pronta a fazer. Ele havia recebido um envelope contendo detalhes de uma estranha morte, ocorrida no Oregon, e, após examinar o conteúdo, resolveu que não esperaria por Dana Scully. Mas ele não seria tão cruel. De fato, ele deixou o envelope em sua mesa, enquanto seguia para o Oregon e iniciaria sua investigação. Se ela fosse esperta o bastante, e curiosa o suficiente, com certeza ela o encontraria lá. Mulder ainda não podia saber que esta certeza o manteria vivo no futuro. Por enquanto se tratava, somente, de um jogo de gato e rato, e ele não estava disposto a deixá-la ganhar. Fox Mulder chegou a Bellefleur, e foi se encontrar com John Truit, o Xerife local, no cemitério, onde já se encontrava uma equipe com uma escavadeira, prontos para abrir o túmulo de Ray Soames, que havia sido acusado das duas ultimas mortes. Mulder queria saber se o rapaz tinha as mesmas marcas que as outras vítimas. Se Dana Scully estivesse ali, ela poderia fazer uma autopsia adequada. Mulder se arrependeu de ter deixado Scully para trás. "Senhor Mulder, John Truit." "Ola" "Pensei que vocês do FBI andassem sempre com um parceiro" "Na verdade minha parceira irá se juntar a nós brevemente. Enquanto isso podemos começar." Mulder não iria atrasar todo seu trabalho somente para esperar por uma cientista disfarçada de agente do FBI, mesmo que a presença dela fosse de alguma forma importante para ele. Neste momento um carro encostou e um homem saiu de dentro dele, gritando. Havia uma jovem com ele, que parecia ser sua filha, tentando convecê- lo a voltar para o carro. Mas o homem era irredutível. Mulder se dirigiu a ele. "Desculpe, o senhor é..." "Eu sou o Doutor Jay Nenman, o legista local." "Entendo. Então o senhor deve ter sido informado sobre nossas intenções." O Doutor Nenman pareceu confuso. "Não. Nós estivemos fora." "Oh, bem, isso responde as minhas perguntas. Porque o senhor não fez uma autopsia em Karen Swenson. Eu estou ciente sobre a amostra de tecido retirada do corpo da moça." "O que está insinuando? Esta dizendo que deixar passar algo nos exames dos outros garotos" Mulder estava cansado dessa discussão. Ele queria poder ao menos desenterrar o corpo do rapaz. "Escute, não estou insinuando nada." Obviamente, Nenman não acreditou nisso. "Bem, eu acho que você está. E se você estiver fazendo uma acusação então e melhor você ter alguma coisa em que se apoiar." Neste momento a filha de Nenman saiu do carro e implorou ao pai para voltarem para casa. Após um momento de hesitação ele fez o que Theresa queria. "Ele realmente precisa de férias." Mulder disse isso e voltou a se concentrar no caso. Ray Soames foi a terceira vitima e Mulder estava prestes a exumar o corpo deste jovem, que, após terminar o colégio, passou algum tempo em uma instituição para doentes mentais, tratando de esquizofrenia. Aparentemente, o rapaz havia confessado os dois primeiros crimes e pediu ele mesmo para ser preso e não causar mais mortes. A causa de sua morte foi devida ao frio. Ao menos assim indicava a autopsia. O corpo dele havia sido encontrado na floresta, depois que ele escapou do hospital. O fato de o rapaz ter ficado desaparecido por somente sete horas, em julho, não passou despercebido a Mulder. De fato, era bastante estranho um rapaz de vinte anos de idade morrer de frio em uma noite quente de verão. Enquanto pensava nesse fato, o caixão estava sendo levantado, e, para surpresa de todos, as cordas que o puxavam não agüentaram o peso e se romperam. O caixão rolou colina abaixo e somente parou quando bateu em uma pedra. Com o choque a tampa se abriu, e Mulder pode ver o conteúdo. Onde devia haver um corpo em decomposição de um rapaz alto, havia um corpo bem menor, mumificado. Mulder tinha certeza que o corpo não era do rapaz e tinha a nítida impressão que ele não era sequer humano. Mulder ordenou que ninguém tocasse no corpo ou que alguém o visse. Ele desejou que Scully estivesse ali. Ele sabia que ela havia sido mandada para atrapalhar o trabalho dele, mas ainda assim o exame feito por ela seria mais objetivo e correto do que o legista local poderia fazer. Xxxxxxxx Dana Scully chegou em Bellefleur, e, de acordo com os papéis encontrados dentro do envelope, ela sabia que não adiantaria seguir para o cemitério, já que Mulder teria se encontrado com o Xerife duas horas antes. Ela resolveu seguir para o hotel onde Mulder provavelmente teria se hospedado, já que era o mais próximo da delegacia. Scully se dirigiu ao balcão e perguntou ao gerente do hotel se ele havia se registrado lá. Ao saber qual era o quarto de seu parceiro ela pediu o quarto ao lado. Fox Mulder teria uma surpresa e provavelmente não gostaria de saber que ela o havia seguido. Mas, em face das circunstâncias, Scully somente queria que ele entendesse que ela não podia ser deixada para trás dessa forma. Após guardar suas coisas ela foi até o quarto de Mulder, bateu na porta mas não houve resposta. Ela achou melhor então falar com o Xerife e verificar se Mulder havia se encontrado com ele. Quando chegou a delegacia, Scully perguntou por John Truit, e seu assistente a acompanhou até a sala dele. "Agente Scully? O Agente Mulder não me disse que a senhora chegaria hoje." "Sabe onde está o Agente Mulder?" "Na verdade vocês quase se encontraram. Ele saiu daqui há poucos minutos." Scully não queria fazer a pergunta mais estúpida que poderia ser feita, ou seja, como diabos era Fox Mulder? Ela não faria isso, e resolveu que mais tarde ela acabaria encontrando ele. "Não importa. Pode me dizer em que pé esta o caso até o momento?" "O Agente Mulder pediu a exumação do corpo de Ray Soames. Neste momento o corpo se encontra no necrotério." "O legista já examinou o corpo?" Scully estava disposta a examinar o corpo ela mesma. "Na verdade nosso legista não está disponível para o trabalho, no momento." "Entendo. Posso examiná-lo então?" Antes que o Xerife dissesse que ela não era apta para o trabalho, ela esclareceu. "Eu sou médica legista." O Xerife pareceu concordar com o exame, mas ele não parecia tão seguro. Scully se assustou ao ver o corpo em cima da maca, e entendeu o porque da hesitação do Xerife. Nada no corpo lembrava um rapaz de vinte anos, que jogava basquete na escola. O corpo apresentava-se escuro e mumificado. As cavidades oculares eram maiores do que o normal, e também o crânio era desproporcional. Definitivamente não era um ser humano. Scully quase podia apostar que se tratava de um primata, possivelmente um orangotango. Scully sorriu ao pensar que seu parceiro, certamente, acharia o corpo muito parecido com o de um alienígena. Bem, talvez ela estivesse sendo injusta com alguém que ela somente conhecia por reputação, mas já que ele havia sido injusto com ela ao ignorá- la, ela não sentia tanta culpa. Scully havia pedido um raio-x do morto e ela pode notar que havia algo de estranho na cavidade nasal. Ela retirou o objeto metálico e o guardou. Cansada, Scully decidiu voltar para o hotel e talvez encontrar Mulder. Mas ela, novamente, não teve sucesso. Mulder não estava lá. Ela realmente gostaria de se encontrar com ele e contar-lhe sobre o objeto que havia encontrado. Scully resolveu deixar essas indagações para o dia seguinte. Xxxxxxxxx Fox Mulder deixou a delegacia e chegou a conclusão de que iria chamar Dana Scully ou então teria que pedir outro legista. Mas chamando outro legista ou Scully, ainda assim ele teria que esperar até o dia seguinte para prosseguir nas investigações. A única coisa que ele podia fazer era seguir até o hospital psiquiátrico onde Ray Soames havia ficado internado. Já era um pouco tarde, mas Mulder não tinha mais nada a fazer, de qualquer forma. Ao chegar ao hospital, Mulder pediu para falar com o Doutor Glass, que tratou do jovem. "Ray Soames foi meu paciente, sim. Eu tratei dele por pouco mais de um ano. Ray era incapaz de perceber a realidade. Parecia que ele estava sofrendo de um stress pós-traumatico." "O senhor já havia visto algo assim antes?" "Sim, cuidei de casos parecidos." "Colegas de classe de Ray?" "Sim." "Eu estou tentando encontrar uma conexão nessas mortes. O senhor tratou algum desses garotos com hipnose?" "Não, não fiz isso." "E o senhor esta tratando algum desses garotos agora?" "No momento? Sim, estou cuidando de Billy Miles e Peggy O`Dell." "Eles estão aqui? Neste hospital?" "Sim, já são quatro anos agora." "Posso falar com eles?" "Bem, Agente Mulder, no caso de Billy o senhor encontrara grande dificuldade." Mulder entendeu o que o medico quis dizer ao ver Billy Miles em sua cama. Seus olhos estavam abertos mas não havia qualquer sinal de vida a não ser pelo monitor de batimentos cardíacos. Peggy O`Dell, no entanto, estava sentada em uma cadeira de rodas, perto de Billy. Antes que Mulder perguntasse, o medico se adiantou. "Billy sofre do que nos chamamos de coma acordado. Suas ondas cerebrais são retas e ele se encontra em um estado vegetativo." "Como aconteceu?" "Billy e Peggy estiveram envolvidos em um acidente de carro." Mulder notou que Peggy estava atenta ao que diziam e resolveu se dirigir a ela. "Peggy?" O doutor Glass achou melhor ele mesmo falar com Peggy, que, apesar de alerta, demonstrava não estar totalmente ciente da presença deles. "Peggy, nós temos um visitante, gostaria de falar com ele por um momento?" "Billy quer que eu leia para ele, agora." Mulder resolveu ser mais direto. Se abaixou e gentilmente perguntou. "Ele gosta quando você lê para ele?" Sem esperar por uma resposta, Mulder se dirigiu ao médico. "Doutor, eu acho que poderíamos fazer um exame físico em Peggy." Quando terminou de dizer isso Peggy jogou o livro no chão e começou a se agitar. A enfermeira correu tentando acalmá-la. Mas nada adiantava. Peggy começou a gritar e seu nariz estava sangrando. Mulder e o médico tentaram acalmá-la garantindo-lhe que ninguém iria machucá-la. Finalmente eles a seguraram e nesse momento Mulder aproveitou a oportunidade para verificar se ela tinha as mesmas marcas que as outras vitimas. As marcas estavam lá. Mulder agora tinha a convicção de que os garotos haviam sido abduzidos. Seu próximo passo agora era descobrir o porque da ida das vitimas para a floresta. De fato, as duas primeiras vitimas morreram lá, e Ray Soames também seguira para a floresta após sua fuga do hospital. E enfim, Karen Swenson também foi encontrada morta lá. O que estaria atraindo os garotos para a floresta? Mulder devia deixar essa questão para o dia seguinte, no entanto. Resolveu voltar ao hotel e tentar entrar em contato com Dana Scully. Ele já tinha chegado a conclusão de que Scully não seria uma boa oponente. Mulder esperava que ela o tivesse alcançado ainda pela manha, mas ela não havia aparecido. Provavelmente ela estava até agora esperando por ele na sua sala. Mulder riu ao imaginar a cena, e se sentiu até tranqüilo. Se eles haviam mandando uma espiã cabeça oca para vigiá-lo então ele não teria mais com o que se preocupar. Quando Mulder chegou ao hotel, entretanto, foi avisado que Dana Scully havia se hospedado e estava no quarto ao lado do seu. Mulder achou melhor continuar com o jogo, pelo menos até o dia seguinte. Xxxxxxxx Dana Scully acordou já com uma decisão. Iria deixar um bilhete no quarto de Fox Mulder e o teor não seria nada gentil. Ela tinha certeza de que ele sabia que ela estava na cidade. E mesmo assim ele não estava procurando por ela. Era uma total falta de respeito. Ela preparou a nota e seguiu para o hospital psiquiátrico. Scully queria saber sobre o tratamento que Ray Soames vinha recebendo antes de fugir e morrer. O Doutor Glass a recebeu. "Agente Scully, seu parceiro esteve aqui ontem e eu acho que respondi a todas as perguntas dele." "Dr. Glass, infelizmente eu ainda não tive a oportunidade de encontrar meu parceiro e conversar sobre o caso. O senhor poderia me adiantar sobre o que foi dito a ele?" "Seria melhor a senhora encontrar um meio de comunicação com seu parceiro, mas, enquanto isso não acontece, posso dizer somente que ele conversou ou tentou conversar com Peggy O`Dell." "Que seria...?" "Peggy O`Dell e Billy Miles são ex-colegas de classe de Ray Soames." O medico disse tudo isso a contragosto e adiantou tudo o que havia ocorrido no dia anterior. Scully podia entender o porque da irritação do medico, mesmo porque ela estava irritada do mesmo jeito. Ao terminar de ouvir o relato do medico, Scully chegou a mesma conclusão que seu parceiro, mas logicamente ele não sabia disso. Mais tarde ela iria para a floresta e tentaria entender o porque dos homicídios terem ocorrido na floresta. Mas, no momento, ela achou melhor voltar ao hotel e, quem sabe, descobrir onde estava Mulder. Mal entrou em seu quarto e o telefone tocou. Era o gerente do hotel lhe dizendo que uma jovem queria falar com o Agente Mulder, mas já que ele não estava ele iria passar a ligação para ela. Scully ouviu a voz de uma mulher, que sussurrou que Peggy havia morrido. Scully seguiu diretamente para o local do acidente, e lá chegando foi falar com o motorista do caminhão que estava envolvido no acidente. "O que aconteceu?" "Ela veio correndo na minha frente." Scully achou isso muito mais do que estranho. Afinal aquela jovem estava presa a uma cadeira de rodas e era muito improvável que ela saísse correndo para qualquer lugar. Scully queria fazer mais perguntas, mas não teve tempo. O assistente do Xerife correu ao encontro dela para lhe dizer que o corpo de Ray Soames havia desaparecido. A cada minuto que passava essa historia ficava mais e mais obscura. E, enquanto isso, Fox Mulder estava brincando de se esconder dela. Scully já não tinha tanta convicção que a reputação de seu parceiro fosse verdadeira. Ela não entendia como ele estava agindo com tanta irresponsabilidade. Ao retornar ao hotel, Scully foi surpreendida pela presença do corpo de bombeiros e notou que era justamente o seu quarto que estava em chamas. A primeira coisa que pensou foi nos raios-X que havia tirado e no relatório que havia escrito até o momento. Alguém havia feito isso. Desapareceram com o corpo e destruíram tudo em relação a ele. Scully gostaria de saber contra quem estava lutando. Enquanto olhava as chamas que, apesar dos esforços dos bombeiros, ainda destruíam seu quarto, uma jovem se aproximou dela. "Meu nome e Theresa Nenman. Você precisa me proteger." Scully achou melhor levar a jovem para um local mais calmo e elas seguiram para uma lanchonete. Theresa começou a lhe contar o que estava acontecendo. "E assim que acontece. Eu não sei como eu cheguei lá, só sei que eu voltarei para a floresta." "Há quanto tempo isso vem acontecendo?" Saber o porque dos garotos irem para a floresta era ainda uma prioridade para ela. "Desde que nos terminamos o colégio. Isso aconteceu com meus colegas também. E por isso que eu preciso que me proteja. Eu receio que eu possa ser morta como os outros. Como Peggy..." "Foi você que me ligou não foi?" "Sim, meu pai é o legista. Ele foi chamado." "Theresa, seu pai sabe sobre isso, não?" "Sim, mas ele me avisou para nunca comentar isso com ninguém. Ele quer me proteger. Ele acredita que pode me proteger, mas eu acho que não pode." "Theresa, os outros garotos tinham marcas nas costas. Você também tem?" "Sim...Eu vou morrer não é? Eu sou a próxima?" "Não, você não vai morrer." Mal Scully disse isso e o nariz de Theresa começou a sangrar. Scully correu para pegar alguns guardanapos, quando dois homens entraram e se aproximaram delas. "Vamos para casa Theresa." Scully percebeu que ele era o pai dela, mas Theresa não parecia disposta a ir com ele. "Senhor, acho que ela não quer ir." "E quem é você?" "Agente Scully. Sou do FBI, e os senhores?" "Eu sou o pai dela e esse é o pai de Billy Miles. Ambos estão doentes e nos temos o direito de protegê-los. Vamos Theresa, vou cuidar de você." Theresa seguiu com os dois, claramente contrariada. Scully tinha certeza que ambos sabiam quem era o responsável pelas mortes. Era claro que o Dr. Nenman vinha escondendo evidencias médicas desde o inicio. Ele mentiu no laudo da morte de Karen Swenson. Estaria ele envolvido no desaparecimento do corpo de Ray Soames? E o fogo no hotel? Scully começou a pensar que talvez fosse melhor verificar o que havia nos outros túmulos. Ela seguiu para o cemitério, com a impressão de que chegaria tarde. E de fato ela não se surpreendeu ao ver os dois túmulos abertos e vazios. O que diabos estaria acontecendo? Xxxxxxxxxx Fox Mulder acordou no dia seguinte com a batida na porta de seu quarto. Mas não havia ninguém a porta quando ele foi verificar. Bastou uma olhada para o chão para perceber quem era o autor das batidas. Scully havia perdido a paciência e deixou uma nota embaixo da porta. "Agente Mulder, Sei que o senhor está trabalhando sozinho neste caso, mas gostaria de dizer que eu também venho investigando. Já fiz a autopsia no corpo de Ray Soames e adoraria lhe mostrar algo muito estranho que encontrei. Infelizmente não estamos trabalhando juntos. Espero que no final das investigações nos possamos nos encontrar e trocar idéias. Ass. Dana Scully." Grande! Aparentemente ela havia feito mais progressos no caso do que ele e, por causa de sua teimosia, não iria ter acesso a esses dados. Agora era tarde para reclamar e ir atrás dela para pedir desculpas estava fora de cogitação. Mulder resolveu ir até a delegacia para ver se Scully havia deixado alguma pista sobre o que havia encontrado. Mas o Xerife não pode lhe dizer mais do que ele mesmo sabia. Mulder decidiu então ir até a floresta, no local onde os jovens haviam sido encontrados. Antes de Mulder chegar ao local, no entanto, ele ouviu um barulho e, por instinto puxou a arma. Então ele foi em direção ao barulho. Sem que tivesse tempo para reagir, Mulder se viu frente a frente com uma arma. "Agente Fox Mulder, do FBI. Abaixe sua arma." O homem no entanto não dava sinais de que iria abaixar a arma. "Eu sou o detetive Miles, e você está invadindo área particular." "Na verdade, detetive, eu estou conduzindo uma investigação." "Não me interessa. Entre no seu carro ou eu terei que prendê-lo." "Espere um instante. Essa é a cena de um crime." "Você ouviu o que eu disse? Você está em uma propriedade privada, sem permissão. Eu vou dizer somente mais uma vez, entre no seu carro e vá embora." Mulder achou melhor não discutir mais com Miles. Pegou seu carro e decidiu que finalmente iria se encontrar com sua parceira. Do jeito que as investigações estavam progredindo ele não tinha mesmo outra opção. Enquanto dirigia, Mulder pensava sobre o que diria a ela. Então, de repente, o radio do carro enlouqueceu. As estações mudavam de uma para outra, rapidamente. Então uma forte luz se abateu sobre ele. E, em seguida, veio a escuridão. Xxxxxx Dana Scully ainda não tinha uma idéia clara sobre o que estava acontecendo ou sobre quem seria o responsável pelas mortes e ocultação das provas. Ela acreditava que o pai de Billy Miles e o de Theresa Nenman estavam envolvidos de alguma forma. Mas a pergunta que ela se fazia ainda era como Peggy tinha chegado aquela estrada. Estaria ela tentando chegar até a floresta? Scully começou a suspeitar que, talvez, Billy Miles teria ido até a floresta. O fato dele estar em um estado de coma ha muito tempo era o que fazia com Scully não abraçasse essa teoria. Mas, novamente, havia Peggy, que, de igual forma, não tinha condições físicas de sair do hospital. Scully decidiu verificar Billy Miles. Logicamente a enfermeira lhe assegurou que Billy estava, de fato, impossibilitado de sequer se mover. Mesmo assim, sob os protestos da enfermeira, Scully verificou os pés do rapaz. Eles estavam sujos, o que somente confirmava sua louca teoria. Agora Scully tinha a clara convicção de que Billy havia matado Peggy e os outros. Ela somente não sabia como. Scully decidiu ir até a floresta e descobrir se havia qualquer indicio de que Billy tivesse estado lá. Enquanto dirigia, Scully notou um carro parado na estrada, do lado oposto para o qual ela estava indo. Provavelmente alguém que havia ficado sem gasolina. Quando Scully chegou viu o carro do Detetive Miles. Assim que saiu do carro Scully ouviu um grito e correu em direção dele. Mas foi surpreendida por um golpe na cabeça. Ela caiu imediatamente, e levantou a cabeça, podendo ver seu agressor. O Detetive Miles. "Detetive, eu ouvi gritos." "Fique quieta e abaixada." "E Billy não e? Você sempre soube." "Eu disse para ficar quieta!" "Há quanto tempo isso vem acontecendo?" Antes que ele respondesse eles ouviram outro grito. "Não entende? Ele vai matá-la!" Miles olhou em direção aos gritos e correu para lá. Scully tentou seguí-lo, mas não conseguiu, já que ainda estava tonta devido a pancada. Ela escutou um grito e a voz de Miles. Scully se apressou e, quando finalmente alcançou Miles, ela viu Billy em pé, e Theresa no chão. Theresa parecia estar bem. E Billy, surpreendentemente, estava bem acordado. O pai de Billy correu na direção dele e os dois se abraçaram. Scully deixou que o pai de Billy levasse Theresa e Billy para a cidade. Enquanto ela dirigia, percebeu que o carro que tinha visto antes ainda se encontrava no mesmo local. Scully resolveu dar uma olhada. Parou atras do carro e olhou em volta, mas não havia ninguém. A porta do carro estava destrancada e a chave estava na ignição. Scully abriu o porta-luvas e notou que havia um recibo da locadora. O carro havia sido alugado por Fox Mulder. Ela já não acreditava que ele estava se esquivando dela. Alguma coisa havia acontecido naquela estrada. Mais tarde a policia vasculhou a área, mas não encontrou sinal de Mulder. Scully tinha que voltar para Washington e acompanhar o interrogatório de Billy. O rapaz, na presença do psicólogo do FBI, relatou que, no dia da festa para comemorar o termino do colégio, uma luz forte apareceu e ele foi levado. "Eles me disseram para chamar os outros e assim eles poderiam fazer os testes. Eles colocaram algo na minha cabeça...aqui." Billy mostrou sua cavidade nasal, o mesmo local onde Scully havia achado o objeto metálico em Ray Soames. Scully lançou um olhar ao Chefe de Seção Blevins, e percebeu que ele parecia contrariado. Ao lado dele estava outro homem, fumando um cigarro. Scully lembrava-se de ter visto o mesmo homem no dia de sua chegada a Washington, mas ela não sabia quem era ele. O psicólogo continuou. "Billy, quem dava as ordens?" "A luz. Eles disseram que tudo estaria bem. Ninguém saberia. Mas os testes não funcionaram. Eles queriam que tudo fosse destruído. Eles disseram que iriam embora. Eu tenho medo que eles voltem." Billy começou a chorar, e o médico tentou tranquilizá-lo. "Não tenha medo, nos vamos ajuda-lo." Blevins deixou a sala, e Scully achou melhor acompanha-lo. Ela ainda não havia conversado com ele sobre o desaparecimento de Mulder e ela pressentia que seria uma conversa difícil. Blevins, durante a conversa, deixou bem claro que não aceitava o relatório dela. Nem mesmo o interrogatório de Billy estava sendo levado em consideração. Mas o que deixou Scully perplexa foi a reação de seus superiores sobre o desaparecimento do agente Mulder. "Senhor, o que eu peço e somente o que se espera quando qualquer agente desaparece." "Agente Scully, o seu parceiro demonstrou que não queria ser encontrado. Temos certeza que esta decisão foi tomada por ele mesmo." "Mas qual seria o motivo?" "Os motivos do Agente Mulder não nos dizem respeito. Isso e tudo Agente Scully. A senhora continuara trabalhando aqui em Washington, na seção X- Files." Scully deixou a sala do Chefe de Seção irritada, mas ao mesmo tempo ela entendia a reação dele. Eles não queriam Mulder por perto. Nunca quiseram. O desaparecimento dele veio a calhar. Agora restava a Scully decidir se devia ou não continuar a busca por Mulder. Apesar dela nunca tê-lo conhecido ela sentia um certo dever em relação a ele. A decisão foi tomada rapidamente. Ela poderia procurar por ele sem que seus superiores soubessem. O problema e que ela não tinha idéia de por onde começar. Xxxxxxxxxxx Fox Mulder acordou com uma dor de cabeça lancinante. Imaginou que se abrisse os olhos e visse de novo aquela luz sua cabeça doeria ainda mais. Então continuou com os olhos fechados, mesmo percebendo que não havia qualquer fonte de luz onde ele estava. Não haviam sons também. Ele se sentia no meio do nada. Poderia até achar que tinha morrido, mas tinha a impressão que sua cabeça não iria doer tanto se ele estivesse morto. Após algum tempo tentando ignorar a dor, Mulder abriu os olhos e chegou a conclusão que não fazia qualquer diferença ficar com os olhos fechados ou não. A escuridão persistia. E o silêncio. Mulder não tinha idéia de como havia chegado lá. E muito menos como faria para voltar. Sua única esperança residia em sua parceira. Mas ao pensar nisso Mulder se desesperou. Ela nunca tinha visto ele. Ela trabalhava para eles, e eles o queriam longe. Enfim, talvez ela mesma estivesse envolvida em seu seqüestro. Mas ele não queria acreditar nisso. Ele preferia acreditar que ela procuraria por ele. Era sua única esperança. Ele queria acreditar. Fim